terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Lucas Santtana - O Paraíso (2023)...




O Paraíso, novo álbum do músico, compositor e produtor baiano Lucas Santtana, inaugura o ano musical de 2023 mais como substituto que como sucessor de seu trabalho anterior, o tristonho e pessimista O Céu É Velho Há Muito Tempo. Se aquele veio à luz no primeiro ano do governo neofascista e comentava o que tínhamos virado e o que queríamos para nós em 2019 (em faixas de nomes semi-explicativos como “Brasil Patriota“, “Ninguém Solta a Mão de Ninguém“, “Um Professor Está Falando com Você” e “O Melhor Há de Chegar”), O Paraíso se deixa impregnar pelo otimismo da re-eleição e terceira posse de Luiz Inácio Lula da Silva. “Sim, sim, sim, o paraíso já é aqui/ não precisa morrer/ se quiser descobrir/ só precisa entender/ onde você vive”, formula a solar faixa-título, anunciando um álbum distante da tristeza ao violão do antecessor. Exilado em Paris, Lucas procura na natureza o fim do túnel dos anos horríveis que ainda não se dissiparam, desde a capa de humor naturalista (colonialista?) assinada pelo francês Jérome Witz. Tal como o paraíso possível para humanos e não-humanos é aqui na Terra e não noutro lugar, a natureza cantada pelo artista não é algo apartado dos humanos e afastado de suas megalópoles, como preconiza o ultracapitalismo. Isso ele pontifica a seguir, em “What’s Life”, sobre texto em inglês da bióloga estadunidense Lynn Magulis (1938-2011), co-responsável pela teoria da endossimbiose e pela hipótese de gaia, que, se pudéssemos condensar em uma frase simplória, preconizavam que somos organismos vivos dentro de outros organismos vivos, das mitocôndrias dentro de nossas células ao planeta Terra e além. “We are the nature”, proclama a voz sintetizada de Lucas, a um só tempo reverenciando e satirizando o homem-máquina de “The Robots” (1978), no grupo eletrônico alemão Kraftwerk, para o qual nós, humanos, éramos/somos os robôs... Continue Lendo no Farofafa

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