segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Hominis Canidae #123 - Agosto (2020)...




Chegamos ao fim de Agosto e o Brasil se divide entre pessoas que estão de saco cheio de ficar em casa (mimimis), pessoas que precisam sair pra trabalhar (A culpa não é sua, é do sistema) e os que tentam se resguardar ao máximo (vcs tão ok). Por aqui também foi um mês de altos e baixos, normalmente os meses de agosto (principalmente segunda quinzena)/setembro/outubro/ novembro (primeira quinzena) são frenéticos em grandes lançamentos da música brasileira, mas não foi o que rolou esse mês. Tiveram ótimos lançamentos e a mixtape nova é praticamente com sons recém-lançados, alguns deles possiveis destaques do ano, porém em menor intensidade que os anos anteriores. (o que é normal, já que o ano tá lok!). A nossa #coleta123 tem 17 faixas (saca ai o selist), sendo a última o novo single da banda brasiliense Satanique Samba Trio, que foi lançado recentemente com exclusividade no tiktok (porque fizeram isso, não sei!).

Em "Halleyfante is Dead", temos mais um experimento em canção curta feito pela banda. Segundo o Munha: "O conceito é uma peça que seria 1% introdução, 99% final. É a exploração do clichê dos finais batidos do pagode, com carrilhão e notas atrasadas. No caso, funciona como um grande "solo de final de música". Saca o som no nosso youtube (e se puder/ quiser, nos segue por lá que tamos tentando fazer umas lives, ou não):


O baita arte de capa da nossa mix de Agosto, foi feita pelo músico e arteiro paraibano Cassicobra. Esta é a segunda vez que ele faz uma arte pra nós e o resultado é sempre bacana. Ele falou um pouco sobre o conceito:

"Esse trabalho foi feito com colagem,canetões, tinta acrílica...partiu muito do meu processo de organização e desorganização durante esses primeiros meses da Pandemia... além dos processos internos e externos me senti muito influenciado por artistas como Daniel Hogrefe, Basquiat, Jack Leiga e o duo expandedeye, além de pesquisas relativas a fungos, horror cósmico e arte psicodélica."

Ele trabalha bem esse lance de colagem e poluição visual e vale acompanhar outras artes dele no @ARTEVAGAL (segue ai)!

Essa mixtape não deve ser comercializada, apenas disseminada o máximo possível na internet. Trata-se de um resumo mensal do blog pra quem nos acompanha. É mais um espaço pra divulgar a música alterna feita nos diversos cantos no Brasil e animar um pouco esse momento conturbado de confinamento/ pandemia no qual estamos vivendo! Fora isso, ainda  temos um governo federal que parece sindico de condomínio. Repasse um pouco de carinho em forma de música para seus amigos! Essa coletânea tenta ser um alento, não apenas para vocês que irão ouvir, mas pra quem faz também...

Continue ouvindo música, converse com os seus e tente apoiar os artistas que te emocionam!
Tags:  , , , , , , , , , , , , , ,          

domingo, 30 de agosto de 2020

ruínas - orfãos (2020)...



Download: orfãos (2020).zip (ou vá em ouça pra baixar)

ruínas é Cássio Figueiredo. Artista fluminense envolvido com drone e noise desde 2014, tendo lançado sob o próprio nome 5 álbuns (3 deles pela Seminal Records) e 10 EP's. Ativo na cena carioca, já se apresentou em locais como Fosso, Escritório, Aparelho, Desvio e Audio Rebel. Sobre orfãos, o música declara: “gravado e produzido em Visconde de Mauá, órfãos é o primeiro registro de ruínas, lugar que encontrei para satisfazer minha necessidade de explorar sonoridades de borda no dsbm (depressive suicidal black metal). As letras se voltam à cidade enquanto imagem dos destroços de uma ideia defeituosa de comunidade, a cidade-mãe natimorta...
Tags:  , , , , ,          

sábado, 29 de agosto de 2020

Bonifrate - Diversionismo: versões & fantasias (2020)...





Um Sonic Youth aqui, um Belchior ali, um Plato Dvorak com Frank Jorge acolá, um Alceu Valença mais adiante… A disparidade de autores reunidos no primeiro disco de versões lançado por Pedro Bonifrate nesta quinta-feira dissipa-se quando enfileirados na ótima surpresa que é este Diversionismo: versões & fantasias (2004-2020). “Volta e meia pensava em juntar essas versões que fiz por aí e que achei que ficaram legais, inventivas em relação às gravações originais, num álbum só pra elas”, me explica por email, falando de um disco que inevitavelmente soa folk e psicodélico, derretido e solar como a maioria de seus trabalhos, seja em carreira solo, seja à frente do falecido grupo Supercordas. “Engraçado é que a maioria dessas versões foram encomendadas pra tributos de artistas que certamente não seriam meus primeiros escolhidos se eu fosse pensar em que versões fazer por mim mesmo”, continua quando pergunto sobre as músicas escolhidas para o disco. “Por exemplo, eu acho que se ouvi um disco inteiro do The Fall foi uma ou duas vezes no máximo”, Bonifrate lembra da versão que fez para o tributo ao grupo inglês de Mark E. Smith, proposto pelo dono do selo Midsummer Madness, Rodrigo Lariú. “Ele me passou algumas sugestões e “Psykick Dancehall” me chamou atenção pela letra que achei muito bonita, então foi quase como musicar uma poesia”... Leia Mais no Trabalho Sujo
Tags:  , , , ,          

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

niLL - Good Smell Vol. 2 (2020)...




Imagine um universo sem barreiras, onde o progresso é tamanho que os humanos se misturaram com os robôs e as pessoas são livres para fazer o que bem entenderem. Essa é a sociedade idealizada pelo rapper niLL, membro da Sound Food Gang, que lança a mixtape “Good Smell Vol. 2”, o quinto projeto do artista em estúdio. A primeira parte do projeto “Good Smell” foi lançada em 2018. Com produção executiva feita pela Tomada Cultura, a gravação do álbum foi contemplada através do edital do ProAC – Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo. Os instrumentais são de Ryam Beatz, Soundflex, Tan Beatz e O Adotado e a capa, idealizada por Bru Yeah. Com nove faixas, o disco tem participações de Alt Niss, Ashira e Bivolt, seguindo a ideia de convidar apenas artistas mulheres para cantar... VIA Zona Suburbana
Tags:  , ,          

Combinado - EP (2018)...




Download: EP (2018).zip (ou vá em ouça)

Combinado é um projeto musical criado por Henrique Zarate (Gigante Animal, College) e Sergio Ugeda (Diagonal e Debate). Esse primeiro EP foi lançado em 2018, com 3 faixas...
Tags:  , , , , ,          

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Jé Santiago & MC Igu - Hora do Rush Vol. 2 (2020)...




Após o lançamento do primeiro volume da trilogia “Hora do Rush”, MC Igu e Jé Santiago chegam com o Vol. 2, marcado por três novas faixas, lançado nas plataformas digitais nesta sexta-feira. Com produção musical de Nagalli, “Balenciaga”, “Biskat (Culpa do Nagalli)” e “Tt” marcam o novo volume. A direção criativa é assinada por Negus e Ed Oliveira assina a direção executiva... Leia Mais no Polifonia Periférica
Tags:  , , ,          

Eugênio - Como Diria Eugênio Longa História Breves Fins (2020)...




Eugênio é uma banda indie formada em 2017 em Sorocaba e hoje composta por Sthé Caroline, Murilo Shoji, Lud Marolli e Paulo Lins. “Como Diria Eugênio: Longa História, Breves Fins”, lançado em Junho de 2020, é o segundo EP de uma trilogia sobre dor, perda e superação. O primeiro EP, “Como Diria Eugênio: Um Pouquinho de Nada”, foi lançado em 2018 quando a banda era um trio e foi regravado e relançado em 2019, depois da entrada da baixista Lud. Quando há uma mudança de integrantes, a mudança na sonoridade da banda nem sempre é óbvia, mas aqui a gente consegue ver uma grande diferença, não só no baixo que ficou mais “visível”, mas em todo o resto. O som do novo EP é mais encorpado, enche todo o ambiente e não deixa espaço pra distrações. Se isso foi planejado ou não, resta perguntar à banda... Leia Mais no Bus Ride Notes
Tags:  , , , ,          

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

We Are The Cosmos - Manifesto! (2020)...




Misturando pop punk, metal, stoner rock e influenciado por grupos como Paramore, Linkin Park, Rage Against The Machine e Royal Blood, a We Are The Cosmos é uma banda brasileira de Gramado/RS formada em 2018, que traz peso nos instrumentais, combinando com vocais melódicos. Composta por Bruna Zarth (vocal / teclado), Deivis Kappes (guitarra / vocal), Cristiano Massena (baixo) e Leandro Kehl (bateria). o grupo acaba de lançar seu primeiro EP, intitulado “Manifesto” no dia 19 de Junho de 2020, todo ele gravado, mixado e masterizado no estúdio Cobaia em Porto Alegre... Via Radio Putzgrila
Tags:  , , , ,          

Matheus Fleming - Lembranças do Futuro (2020)...




A Quarentena também tem rendido bons projetos, alguns que se não fosse por ela provavelmente demorariam um tempo para ganhar a luz do dia – já outros nem existiriam. Para Matheus Fleming que fez parte da ótima banda Câmera, e atualmente integra a nova formação da Young Lights, foi a oportunidade perfeita para produzir, gravar, mixar e masterizar em casa durante este período de isolamento o disco O Fim é o Começo. Aliás o processo foi bastante artesanal já que o músico também foi responsável por gravar todos os instrumentos presentes no novo lançamento; ele foi responsável também pela capa que faz referência ao pintor surrealista belga Magritte. “Quis colocar na capa algo que captasse esse deslocamento que estamos vivendo atualmente. Está tudo fora do lugar, não tem nada normal em 2020” Inclusive a rotina da quarentena tem tudo a ver com a temática central do álbum: as grandes mudanças em nossas rotinas devido ao isolamento social e a pandemia do COVID-19... Leia Mais no Hits Perdidos
Tags:  , , , , ,          

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Pedro Pastoriz - Pingue-Pongue com o Abismo (2020)...




“Pingue-Pongue com o Abismo”é o nome do terceiro disco solo do cantor e compositor Pedro Pastoriz. Conheci as músicas de Pedro Pastoriz há alguns anos através da indicação de uma grande amiga, lembro-me dela dizer que as canções eram a minha cara. Mas afinal, que tipo de música é a minha cara? Então fui lá e dei play no disco “Projeções” (2016). E realmente ela estava certa, aquilo era a minha cara, e desde então eu sou fã de Pastoriz. Entre 2016 e 2020 ele não lançou mais discos, então era repeat e repeat nos dois primeiros discos. O ano foi se desenrolando e vieram 3 singles: “Dolores”, “Fricção” e “Janela”, e eu ansioso demais pois estava vindo disco novo por aí. Final de julho chegou “Pingue-Pongue com o Abismo”, não peguei para ouvir de cara, dei um tempo pois queria escrever enquanto ouvia o disco, para tentar passar a sensação mais fiel ao que eu estava sentindo. E a decepção não veio... Leia a resenha no Polvo Manco
Tags:  , , , , ,          

Paolo Ravley - Lado B (2020)...




O cantor e compositor maranhense Paolo Ravley tem uma riquíssima vivência musical. Isso porque passou os últimos 15 anos vivendo entre o Brasil e a França. Uma boa síntese dessa abrangência cultural está em seu mais novo EP, intitulado Lado B. O trabalho conta com seis faixas que misturam com fluidez elementos do som do nordeste com a vivência de Paolo na cena eletrônica europeia, onde teve a oportunidade de trabalhar com os selos Serial Records, Scorpio Music e Armada Music. “Eu queria esse equilíbrio e me inspirei muito em nomes como Jaloo, Duda Beat, Silva e Davi Sabbag”, pontua o artista... Leia Mais no TMDQA
Tags:  , , , ,          

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Vinicius Bertozzi - Blue Feelings (2020)...





Álbum do músico paulista Vinicius Bertozzi, o nome diz tudo. Músicas tristes pra aquecer o coração...
Tags:  , , , , ,          

Avestruz de Cinta-Liga - Avestruz de Cinta-Liga (2020)...




A banda volta-redondense Avestruz de Cinta-Liga liberou nas plataformas digitais seu disco de estreia. O álbum leva o mesmo nome do grupo e é composto por dez canções que trazem letras sobre esperança em tempos adversos. Júlio Victor (Tá Na Capa) é quem assina a produção do trabalho, que mistura o rock clássico com elementos da MPB. Nele, estão os singles “Descobri” (2019) e “Berenice” (2018). Já a faixa “Sundae Song” traz a participação especial da cantora Beatriz Vasques. “O álbum é lírico e urbano. Assim, encontro a linearidade até ao reunir faixas acústicas e elétricas. Me inspirei muito no álbum Dois, da Legião Urbana. Além disso, nomes como David Bowie, Jacque Brel e Velvet Underground também foram grandes influências,” afirma o vocalista Nathan Magalhães... VIA TMDQA
Tags:  , , ,          

domingo, 23 de agosto de 2020

Jocy de Oliveira - Fata Morgana (1987)...




O jornal O Estado de S. Paulo trazia em suas páginas no dia 30 de agosto de 1961 o texto “Drama com música eletrônica”, no qual uma jovem compositora explicava os sentidos de seu novo espetáculo, Apague meu spotlight, criado em parceria com o compositor Luciano Berio e apresentado naquela temporada nos teatros municipais do Rio de Janeiro e São Paulo. A música era acompanhada de gravações das vozes de atores — os integrantes do Teatro dos Sete, Fernanda Montenegro e Sergio Britto entre eles, dirigidos por Gianni Rato; os cenários, feitos apenas de luz; a coreografia, expressionista. E do que falava a história? “Não há sequência, não há história. Pois em torno de nós, não há sequência, não há histórias. Há apenas spotlights que se acendem e se apagam docemente, sem o menor ruído. O mundo é aparência, apenas existem aqueles que criamos dentro de nós mesmos”, explicava Jocy de Oliveira. O articulista quase consegue disfarçar o tom incrédulo ao reproduzir as propostas do espetáculo, mas a surpresa talvez fosse justificada. Afinal de contas, Apague meu Spotlight introduzia diversas novidades. Foi a primeira apresentação no Brasil de um espetáculo de música eletroacústica, gênero no qual os sons dos instrumentos no palco dialogam com outros pré-gravados e manipulados eletronicamente; propunha a quebra da linearidade ao narrar uma história que tinha como tema uma discussão impactante a respeito da posição da mulher na sociedade; e previa um elemento normalmente estranho ao mundo dos intérpretes da música clássica: a improvisação... Leia Mais no Zumbido
Tags:  , , , ,          

sábado, 22 de agosto de 2020

Sargaço Nightclub & Zeca Viana - Bootleg Espiral das Artes (2020)...





A vida de boa parte dos artistas e bandas que trabalham com música autoral não é tão suave. Mas a jornada pode ficar menos dura quando há mais colaborações e contribuições mútuas. Foi o que pensaram a banda Sargaço Nightclub e o cantor e compositor Zeca Viana, que resolveram subir juntos ao palco. Como resultado dessa união, surgiu o registro “Sargaço Nightclub & Zeca Viana – Bootleg Espiral das Artes", resultado de um show realizado no Parnamirim, bairro da Zona Norte do Recife. O material é composto por seis clipes ao vivo e dois EPs... Leia mais no Interdependente
Tags:  , , , , , , ,          

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Gab Ferreira - Lemon Squeeze (2018)...




Mó solzão… Praia da Barra Aquele calor descomunal… Cê chega na casa de sucos e pede o quê? Uma limonada, óbvio. Um copão de refrescância. E hoje, pra matar nossa sede de música boa e novidade, Gab Ferreira está lançando aqui a sua primeira mixtape - não por acaso chamada “Lemon squeeze” (ou “limãozinho espremido”, em tradução muito livre), com sete faixas que são puro frescor, que nem brisa geladinha no fim de tarde. Antes da gente começar a falar sobre ela, o processo de produção das músicas e o nosso encontro, numa tarde muito quente do verão carioca, dá play logo. Estamos nos achando por termos sido escolhidos pra fazer esse lançamento... Via I Hate Flash
Tags:  , , ,          

Captain Lopes and The Crazy Toads - I Hope You Get It (2020)...



Download: I Hope You Get It (2020).zip (ou vá em ouça)

São João del-Rei é uma cidade intrigante. Considerada uma das "cidades históricas" de Minas Gerais, é provável que, além dessa representatividade, haja algum elemento desconhecido no ar que ali se respira, pois não faz sentido o grande número de músicos talentosos e fãs de Ramones que ela abriga. E é nesse cenário que Matheus Lopes - guitarrista e vocalista que, há mais de 10 anos, divide com Tulio Panzera a autoria da maior parte da obra do Churrus, lendária banda local - criou a Captain Lopes and the Crazy Toads. Inicialmente, um projeto paralelo em que o prolífico compositor poderia lançar e tocar suas músicas que sobravam das gravações espaçadas do Churrus, a banda começou a ganhar corpo com a entrada de novos integrantes, e o resultado oferece um conjunto de músicas que, além de uma lufada de ar fresco no pesado momento atual, é muito promissor para os próximos trabalhos, com o envolvimento cada vez maior de Igor Monteiro (guitarrista e vocalista da banda punk Remédio Sem Causa), André Mendes (baterista/Sonisférico) e Tiago Trotta (baixista/Brígida Galáxia)... Leia Mais no site da Rapadura Records
Tags:  , , , ,          

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Maurício Tagliari - Maô Falta de Estudo #1 (2020)...




Se no ano passado Maurício Tagliari lançou o primeiro disco com seu nome em mais de três décadas de carreira (Maô: Contraponto e Fuga da Realidade, que foi a base para sua temporada no Centro da Terra), agora o músico, compositor e produtor paulistano lança um disco essencialmente sozinho, um sem colaboradores, o extremo oposto do disco de 2019. “Maô: Falta de Estudo #1 foi um disco pensado até antes de lançar o Contraponto e Fuga da Realidade”, ele me explica por email. “A ideia era fazer um trabalho espelho/oposto. Sem colaborações e com sonoridades mais estranhas”... Leia Mais no Trabalho Sujo
Tags:  , , , , , ,          

Duben - Zeitgeist (2020)...





Um dos novos EPs lançados pelo projeto piauiense Duben durante esse periodo pandêmico. O conceito é a insônia como nosso Zeitgeist (espírito do tempo), conceito existencialista estética lo-fi instrumental...
Tags:  , , , , ,          

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Comida de Foguete - III (2020)...



Download: III (2020).rar

“III” tem produção do selo de Feira de Santana (BA) Banana Atômica Numa cidade em quarentena, fábricas continuam produzindo, enquanto pessoas ficam em casa tentando se proteger. E o Comida de Foguete é uma dessas fábricas, quase inquieta, produz música para acalentar (ou seria provocar?) os corações de seus cidadãos. Tudo isso está na capa do terceiro EP assinado por Jéssica Aragão, do projeto de Feira de Santana (BA), encabeçado por PV, lançamento do selo Banana Atômica. Intitulado “III”, o EP completa a tríade antecipada por “Hypnerotomachia Poliphili” (maio/2020) e “Home Brewing” (junho/2020), para PV eles simbolizam respectivamente o corpo e a mente: “O III é a revelação da Santíssima Trindade. O primeiro disco é o corpo. O corpo representa a carne que sempre diz sim. O segundo é a mente indomável e confusa, o filho. O III é uma meditação sobre as questões do espírito. Os três são as partes de um mesmo corpo. A maior diferença é na textura, os discos estão soando mais analógicos, o som vai ficando mais real. As pessoas desacostumaram a ouvir o som da fita magnética. Para mim é o melhor formato de áudio que existe”, conta PV... Continue Lendo no Boomerang Music
Tags:  , , , ,          

Carlos Lichman - Lendas Urbanas de Porto Alegre (2019)...




Com um currículo abrangente no mundo da guitarra, CARLOS LICHMAN sempre buscou criar músicas com elementos modernos e arranjos diferentes a cada lançamento. Há uma constante preocupação em apresentar ao ouvinte uma viagem sonora incomparável, trazendo uma experiência única não apenas aos fãs de guitarra, mas também para amantes de música em geral. Carlos Lichman graduou-se em música e trabalha como músico profissional desde 1996, já tendo trabalhado com nomes famosos da música como Kiko Loureiro (Angra/Megadeth), Leviaethan (Brasil), Nelson Jr (Brasil), Rafael Piamolini (Inglaterra), Caca Barros (Brasil), Pablo Soler (Argentina), Celso Barbieri (Inglaterra), Richie Kotzen (EUA), Theodore Ziras (Grécia), Miguel Mega (Portugal), Vernon Neily (EUA), Francesco Fareri (Itália), Krzysztof Gwiazda (Polônia) e Pawel Burczyk (Polônia). Dentro deste contexto, o músico tem como objetivo produzir músicas polidas e sofisticadas, resultando numa carreira musical muito bem sucedida, tendo duas vezes seus discos como os mais vendidos pela webstore Guitar 9, dos Estados Unidos. CARLOS LICHMAN já se apresentou em importantes eventos como a Expomusic (Brasil), Silver Bullet Blues (Inglaterra) e Wirtuozi (Polônia) ao lado de grandes nomes como Kiko Loureiro, Richie Kotzen e Pawel Buczek. E agora, com seu sexto trabalho solo, “Lendas Urbanas de Porto Alegre”, o guitarrista leva ao público nove músicas inspiradas nas mais diversas lendas urbanas da capital gaúcha, que por décadas povoam o imaginário popular. Agora disponível em todas as plataformas digitais, o álbum poderá ser apreciado tanto pelos fãs de guitarra quando de Rock/Metal em geral... Leia Mais
Tags:  , , , , ,          

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Mariana Degani - Opera Venus (2020)...




A cantora Mariana Degani divulga o álbum autoral “OPERA VENUS”, sucessor de “Furtacor”. Ele foi produzido em parceria com Remi Chatain e possui total de 08 faixas, que foi pode ouvir antes do lançamento oficial no final do post! A Nação da Música conversou com Mariana sobre o processo de produção e criação do disco, o gênero “trip-hop” e também sobre o período de quarentena... Leia a entrevista
Tags:  , , , , ,          

Luiz Gabriel Lopes - Presente (2020)...




No dia 04/05 o músico Luiz Gabriel Lopes completou 34 primaveras e nos presenteou com um EP. O músico mineiro é conhecido por seus trabalhos ao lado da Graveola, suas parcerias como compositor que incluem a parceria com o capixaba André Prando, que tem EP programado para a sexta-feira (15), e mais recentemente o projeto Rosa Neon. Presente foi quase todo produzido em formato caseiro, por conta da quarentena o músico que faria uma turnê europeia ficou “preso” em Portugal. O que acabou transformando o destino da viagem. Ao invés de realizar apresentações ao vivo, e ter a oportunidade de estabelecer novas conexões, ele acabou utilizando o momento com uma residência artística. Processo enriquecedor em que pode aprender e estudar sobre novos assuntos. Pesquisador nato, o músico anteriormente já tinha lançado discos solo. São eles, Passando Portas (2010), O Fazedor de Rios (2015) e Mana (2017). São timbres, melodias, instrumentos e uma atenção delicada na hora de procurar referências para a estética de seu trabalho. Tudo isso aliado a composições que permeiam a intimidade. Sentimentos puros e tão humanos acabam adentrando sua arte... Leia Mais no Hits Perdidos
Tags:  , , , , ,          

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Sky Boon Seasoning - Safe & Sound (2020)...




A banda paraibana Sky Boon Seasoning, comandada pelo músico Matheus Pimenta lança o primeiro EP Safe & Sound. Quatro faixas compõem o trabalho, entre elas duas inéditas: enquanto “Late Call” e “Day Men” possuem clipes no YouTube, as canções “Poet” e “The Endeavor” chegam pela primeira vez ao público. A banda surgiu na Paraíba em 2018 e é comandado pelo músico Matheus Pimenta, que decidiu se aventurar por um projeto autoral inspirado em ritmos que misturam vertentes da música eletrônica, pop e alternativa... Leia Mais na Revista O Grito
Tags:  , , , , ,          

Chapa Mamba - Poeira Nenhuma (2020)...




É a incrível volta de quem não foi a parte alguma. Após um período de incomum silêncio, a Chapa Mamba está de volta com Poeira Nenhuma, uma novíssima coleção de rocks empenados. São 11 músicas em pouco mais de 20 minutos, que é o tempo perfeito para tomar um café, dar um tapa ou ler um gibi — todas atividades que caem bem em conjunto com esse disquinho, ainda que ele mereça muito mais do que servir de música de fundo. Mas antes de falar do disco e das canções propriamente ditas (chegaremos lá, jovens), ainda é preciso tirar algumas coisas da frente. A notícia do lançamento de Poeira Nenhuma apareceu quase de supetão numa das newsletters da Chupa Manga Records, o selo-de-um-cara-só tocado pelo Stêvz, guitarra e voz da Chapa Mamba. Não que uma aparição súbita seja algo fora da norma para o trio — aliás, eles só aparecem se for de repente — mas o que chamou atenção foi o tempo corrido sem notícias... Leia mais na Revista O Inimigo
Tags:  , , , , ,          

domingo, 16 de agosto de 2020

weird fingers - paisagens fugitivas (2020)...



Download: paisagens fugitivas (2020).zip (ou vá no bandcamp acima

Paisagens Fugitivas dá título ao novo ep do cantautor Raad Ferreira, seu segundo nesse ano. O garoto dá voz ao projeto conhecido como Weird Fingers desde 2017 e caminha para um novo estilo de manifestação musical e artística. Paisagens Fugitivas é seu trabalho mais introspectivo e sentimental, com letras explicitamente desabafando sobre seus principais problemas, como em relação à sua saúde mental, problemas financeiros, familiares e a forma como hoje encara e se relaciona com as pessoas. O processo de produção não é só importante como um passo artístico para Raad, mas é uma vitória pessoal escrever uma pequena coletânea de canções e se sentir plenamente satisfeito com o que obteve. É música para quem sente que precisa de um abraço, pra quem chega de noite cansado e foge do mundo através dos fones de ouvido, pra quem pedala pra longe e tentado pela liberdade reluta em voltar...
Tags:  , , , , , ,          

sábado, 15 de agosto de 2020

HC Entrevista: As mil faces musicais de Thiago França...


Quando pensei em começar a realizar entrevistas por aqui, a ideia era ser mais ativo, mas o momento tá tão distópico, que as entrevistas estão rolando devagar. Como o altnewspaper.com tá off (RIP) e aproveitando que neste sábado tem Show e Oficina de criação com o saxofonista Thiago França (saiba mais e participe aqui). Estou disponibilizando aqui uma entrevista que fiz com ele e saiu originalmente no altnewspaper em 2013. É uma das minhas entrevistas favoritas, pelo fato dela soar atemporal, pela paciência do Thiago em responder tudo de maneira bem franca e pelo artista interessante que ele é até hoje. Aproveitei pra linkar todos os álbuns e bandas do Thiago citadas nessa entrevista com os links dos posts pra download. Confere ai:

O músico Thiago França é uma das figuras mais ativas do independente nacional no momento. Integrante do grupo Metá Metá, também tem vários projetos próprios, como o Sambanzo e o trio de improviso MarginalS. Além disso, participou do disco Nó na Orelha do Criolo, toca com Rômulo Froes e fez parte do disco Bahia Fantástica, do Rodrigo Campos. Em todos eles produzindo criativamente e fazendo parte de todo o processo. Para ele, o mais importante é criar e produzir, não tendo interesse na simples reprodução das coisas.

Fez sua marca na música ao recolocar o sax em evidencia e, porque não, como destaque nos projetos no qual participa. Um trabalho que ele vem realizando desde que se descobriu músico e apaixonado pelo saxofone, colocar o sax como uma parte importante da música e não apenas um adendo de momento.

Quando você percebeu que queria trabalhar com música? Em que momento isso aconteceu? E por que o sax?

Nem sei, desde sempre. Comecei com as aulas de saxofone aos 11, mas desde antes já queria tocar. Eu lembro que tinha muita vontade de tocar sax, não sei porque. Não sei nem se eu sabia o que era um saxofone, mas queria. Tinha uma referência: minha avó, Ignez (que gravou uma música comigo no meu primeiro disco Na Gafieira - ouça aqui) sempre cantou e ouviu muita música, e lembro bem dela ouvindo umas big bands, Tommy Dorsey, Benny Godman, Glenn Miller, Count Basie. talvez seja daí, mas não tenho certeza.

Pra complementar a pergunta sobre o sax, dizem que você tem um estilo diferenciado de tocar, existe uma origem para isso?

Existe sim. Durante os primeiros anos de contato com a música, grande parte das coisas que eu ouvia era de saxofonistas e eu sempre prestei muita atenção nas características de cada um, o jeito, o timbre, repertório, o que um fazia e outro não. E, sem saber o quanto isso era importante, busquei personalidade própria, causar a sensação que eu tinha ouvindo Coltrane, Brecker, Dexter Gordon, Charlie Parker, Branford Marsalis, ser identificável com uma nota. Só que o contato com o mundo acadêmico me causou uma certa aversão ao estudo formal, mesmo nas faculdades não existem professores preparados pra lidar com as particularidades do aluno, quando essas estão meio fora do padrão. De certa forma, quando eu tô tocando, tenho vontade de destruir tudo isso, destruir o senso comum, o padrão, os modelos: o saxofonista gato que aparece no clipe fazendo o solinho no meio da música; o estudioso geniozinho do "jazz" que toca tudo perfeitinho, limpinho, afinadinho, chatinho pra caralho. Quando dei conta disso, parei de ouvir saxofonistas por muito tempo, fui buscar informação em outros sons. Eu tocava muito samba, comecei a pensar em frases que imitassem os padrões rítmicos dos instrumentos de percussão. Ouvia músicas que não tinham saxofone e imaginava caminhos para me inserir dentro da "banda", e não simplesmente como "solista".

E essas influências latinas e africanas, quando apareceram? Isso também influencia no saxofone?

As influências latinas são bem anteriores. Lembro de um K7 da minha avó com umas cumbias e uns boleros que eu ouvia muito na casa dela, eu devia ter uns 6 anos. Esse som, sempre me pegou. É dessas coisas inexplicáveis. Quando eu tinha uns 12 anos, tive uma queda por Guns n' Roses, que passou no ano seguinte. De alguma forma, a gente não escolhe o que a gente gosta. O interesse por música africana veio depois, quando eu comecei a me interessar (tocar) samba. A "África", como um lugar místico e fantasioso da origem do samba ficou na minha imaginação até que inventaram o Youtube e eu pude descobrir o que era (ainda estou descobrindo). Existe uma interseção forte entre esses dois pólos de música, um jeito de tocar, mais percussivo, com melodias mais intuitivas, menos "desenhadas", como as de origem e influência europeia. A sensação que eu tenho é que a música tem outro propósito: o encontro, a celebração, a vida em comunidade, a dança/transe; diferente da música feita para "apreciação", em que foco é o músico (intérprete ou compositor) a quem se dá o título de gênio, acima dos demais.

Isso tudo me influencia, como artista-criador e também no lance técnico, de músico-instrumentista. Logo que me aventurei pelas rodas de samba e choro, passei a prestar muita atenção nos desenhos rítmicos dos instrumentos de percussão e transportá-los para o saxofone. Aos poucos, fui descobrindo outro instrumento dentro dele, com barulhos e outros sons que se distanciassem do original. Começou a me interessar muito mais as texturas e as dinâmicas do que as escalas e os arpejos.

É interessante ver como você é multi-facetas: toca tanto o saxofone de forma mais 'normal', quanto de um jeito muito mais louco, como no MarginalS. Você prefere tocar um lance mais clássico ou desconcertando tudo, bem free-jazz? Existe a preferência?!

Não tenho preferência, existem momentos diferentes e pra mim são complementares. Gosto das duas coisas, ouço Sun Ra e Paulinho da Viola no mesmo dia. Estar em contato com sonoridades e linguagens diferentes deixa a criatividade mais aguçada. Esse ano eu vou lançar um disco chamado Malagueta, Perus e Bacanaço, inspirado no livro homônimo do João Antônio. Tem 11 faixas e um improviso só no disco inteiro, o resto é só melodia (tema) e arranjo, e é basicamente um disco de samba, tem até um bolero, tudo tradicionalzinho, caretinha. Mais parecido com o meu primeiro disco, Na Gafieira.

Já que você falou em careta. Na nossa cabeça sempre existe uma diferença entre o experimental e o de "tocar de qualquer jeito". Não tocamos sax, mas parece que precisa ter certa técnica para ir pro lado do free e da improvisação, mesmo ela sendo sem amarras. É isso ou eu to viajando e querendo colocar regra de quem toca 'certinho, afinadinho, chatinho pra caralho'?

Tocar "errado" é tão complexo quanto tocar "certo". Acho que o free (jazz) exige mais criatividade do que técnica, vide Ornette Coleman, e isso é muito mais difícil. Nos formatos mais tradicionais é permitido você se apoiar em coisas prontas como escalas, arpejos, frases que você tirou do solo de alguém, "licks" (clichês universais). Não devia ser assim, isso é anti-artístico, mas enfim, essa é outra discussão. No free não tem espaço pra isso, porque você não controla o que as outras pessoas estão tocando. O que também abre outra discussão: o free não precisa ser fritado o tempo inteiro. Se for livre, você tem liberdade tanto pra fazer barulho quanto pra tocar uma melodia bonita, longa, em cima de um acorde tranquilo, repousado. O desafio muda pra cada músico. No MarginalS, o mais legal é sair improvisando passando por tudo que a gente curte fazer, seja com pouca ou muita nota, com ou sem groove definido, e deixar no ouvinte a sensação de "não é possível, isso aí foi combinado". Outras vertentes ficam mais na onda do noise... Sei lá. Cada um com seu cada qual.


Já que falamos de improviso, e você falou do MarginalS, que trabalha em cima do livre improviso, eis uma pergunta que eu sempre faço para quem trabalha com isso. Gravar, não seria um limitante de tal ato?

Não. Porque quando a gente grava é um registro da época, da sonoridade, daquele momento específico. Não é o registro de um repertório, aquilo ali não vai ser reproduzido, não vai virar "tema" nem um "clima" obrigatório, que tem que ter em todo show. A gravação tem o mesmo espírito do ao vivo, a gente grava tocando junto, como se fosse um show e sem se impor nada.

Ainda no improviso, porque tentar sempre não se repetir? Já que você disse que seria difícil inclusive provar tal repetição. É proibido (re)produzir no MarginalS?!

O som do MarginalS é experimental. Se você faz uma coisa que você já conhece, não é uma experiência. Isso pode soar bobo, mas não é. A música experimental é aquela que te força/permite/instiga a tentar coisas novas todos os dias. Não significa que é um lance de cientista maluco num laboratório cheio de tubo de ensaio, é no sentido mais puro (talvez ingênuo) da expressão. Se num momento dum groove pesado, denso, que seria óbvio eu usar o sax eu troco e pego a flauta, eu tô experimentando. Não se repetir é a graça da parada, senão não tem desafio e você engessa o processo. A ideia é deixar a coisa sempre solta, sem forma ou nenhuma obrigação, e é o que nos mantém instigados a continuar fazendo esse som. Na verdade não é tão difícil não se repetir porque, por mais que eu reutilize uma ideia de um show passado, o Cabral e o Tony podem entender aquilo de outra forma e levar pra um lado completamente diferente. E ao contrário das escolas mais tradicionais, em que o improviso fica focado em escalas e arpejos, a gente tem muitos outros elementos pra usar além desses, como dinâmicas, texturas, barulhos, timbres... Ou seja, a repetição não chega a ser uma neura.

Em outros projetos, como o Sambanzo e o Metá Metá, os improvisos tem outra função. Por exemplo, na música "Orunmilá", do Metal Metal, eu gravei um improviso, ideia do Kiko, só com notas graves, num duelo com a percussão, que me coloca como o "rum", o tambor grave do candomblé. Eu não repito os ritmos, as notas, mas repete-se o conceito, cria-se uma história. Na música "Etiópia" do Sambanzo, no momento do improviso, eu faço um lance batendo nas chaves laterais do sax que dão uma sonoridade meio oriental, o sax vira uma flauta exótica com um som meio podre, e isso compõe um todo, dá identidade à música. Improvisar só por improvisar, pra eu mostrar que eu sei alguma coisa, não me interessa. Eu acabei de gravar um disco, Malagueta, Perus e Bacanaço, que tem um único improviso, numa música só, e ainda assim, o improviso é uma parte da história, não é gratuito.


Por que Mulatu Astatke e não Kenny G?

Pô, essa é a pergunta mais rasa ou mais profunda do mundo, porque a resposta pode ser um mero "porque sim", baseado no meu gosto pessoal, ou pode ser uma pequena enciclopédia, que passa por mil questões, da estética à política. Ou porque o Kenny G tá na comedinha romântica hollywoodiana da Julia Roberts e o Mulatu tá no filme do Jarmusch. Porque o mundo não é cor-de-rosa, eu não sou um babaca com cara de capa de caderno, não prego o bom-mocismo-bunda-mole, não sou água com açúcar, não faço "música boa pra gente bonita", porque eu tenho pavor do clichê do saxofonista gato "tocando um blues" na janela. Eu sou fruto do terceiro mundo, da imperfeição, do incômodo e da inquietação. A arte tem que propor a reflexão, tirar da zona de conforto, incitar discussões, aguçar a sensibilidade, enriquecer a alma e a mente do ser humano. Bicho, isso vai longe. Agora, se o mano sabe que a música dele toca no elevador, se ele compõe uma canção-jingle que vai ser esquecido daqui a 6 meses e ele dorme tranquilo à noite, parabéns.

Você toca e já tocou com diversos novos artistas e em projetos que são bem vistos para público e critica. Tu se sente responsável em ter colocado novamente o sax em destaque de uma maneira positiva na música brasileira? O sax ficou meio queimado depois do Kid Abelha...

Não acho que é culpa do Kid Abelha, até porque, antes disso, o saxofone já não era muito presente no universo da canção. Assim como muitos outros instrumentos, ele é ligado fortemente a um estilo específico (jazz, no caso) e você começa a estudar dentro de um padrão rígido. Eu aprendi que o saxofone era um instrumento de solo, por isso, a forma de se relacionar com a canção seria se em algum momento da música, houvesse espaço pra fazer um solo. Tirando uma intro ou um final, ocasionais frasezinhas de naipe de metais, é o que é designado ao instrumento. Desde sempre eu quis fugir disso, sempre gostei de canção, quando era adolescente, ouvia tudo o que encontrava mais a mão: Tom, Elis, Gil, João Gilberto, João Bosco, Chico Buarque (eu não saia muito nessa época, 93, 94, não sabia o que rolava na rua). Em casa, tocando junto com os discos, eu ficava sempre tentando dar um jeito de tocar a música inteira, porque era o que eu queria: tocar a música toda, como parte da banda, não como o forasteiro que aparecia pra fazer o solo, depois sumia. As coisas que rolam no Metá Metá, de tocar junto com o violão, junto com a voz, fazendo contrapontos, abrindo vozes, eu faço desde sempre, intuitivamente. Só que todo mundo odiava! As cantoras brigavam comigo "você tá roubando a atenção da voz!", ou "isso não é jazz pra você ficar tocando a música inteira!", mas eu sabia que era isso que eu queria fazer e que uma hora alguém entenderia. Não vejo nenhum instrumentista de sopro fazendo algo do tipo. Acho ruim no sentido de que as pessoas não se questionam, não buscam caminhos pra criar seus próprios diálogos com a música. Agora, o que eu faço ou deixo de fazer para A Música Brasileira, putz... Sei lá. Se você tá falando...

Os trabalhos falam por si. Você tocou no Nó na Orelha (dito um dos discos do ano de 2011), toca com o Romulo Fróes e participou do Labirinto em Cada Pé, ainda tem dois belos trabalhos com o MarginalS. Tem o Metá Metá com Kiko Dinucci e Juçara Marçal, que querendo ou não, tirou um pouco da "frescura" ou da "divindade" do samba, já que deixou ele um pouco mais sujo. Metal Metal só piora a situação pro samba. Sambazo traz muita coisa em um disco só, de África a América Latina. Apenas aqui, citei projetos que circulam pelo hip hop, rap, samba, gafieira, MPB, rock, instrumental, improviso, jazz, experimental, afrobeat, pop, entre outros. Ou seja, versátil você é com toda a certeza, criativo também. Eu sei que você é humilde, mas é sério que você não se vê como alguém que está mudando um pouco da história do sax na música brasileira atual? Fala um pouco dos processos nos trabalhos com outros nomes, você cria neles também?

Man, não é questão de humildade, é questão de ponto de vista. Se você conhece todos esses trampos que eu participo, com certeza eu ocupo uma parcela grande do tempo que você passa ouvindo música. Mas tem muita gente que não faz ideia quem eu sou, tem gente que nunca ouviu o Criolo, o que dirá o MarginalS. Tá tudo em aberto, acontecendo. Se eu achasse que já tivesse feito alguma coisa, que já conquistei, eu podia parar por aqui, e eu acho que tá só começando.

Em todos esses trabalhos eu participo como criador, porque é o que me interessa. Nunca fui e nunca quis ser músico de naipe, o cara que chega e lê o arranjo. Sempre gostei de me envolver e de ter liberdade pra tocar do meu jeito. Estando à vontade é que saem os melhores resultados, e eu só toco com toda essa galera porque essa é uma premissa em comum. O que muda na prática, de um trabalho pra outro, é o estágio em que a gente contato com a coisa. Por exemplo, no Metá, às vezes o Kiko chega com uma composição nova, só um groove de violão, eu tenho bastante liberdade pra interferir, sendo só nós dois tocando. No Bahia Fantástica, o Rodrigo já tinha as músicas bem desenhadas quando apresentou pra gente, e como haviam várias pessoas envolvidas no processo, cada música foi de um jeito, às vezes eu esperava os caras definirem o groove de baixo/bateria pra depois pensar em alguma coisa, ou ia criando algo em cima do violão do Rodrigo. Pro Sambanzo, algumas músicas eu já tenho bem definidas, groove, estrutura; outras, saia tocando e deixava cada um chegar à sua própria conclusão, depois a gente amarrava as idéias. Varia, mas a gente sempre tenta falar o mínimo possível e fugir das soluções óbvias e "pressetadas" (se não existia isso em português, agora existe!), tipo, tocar o samba "como o samba deve ser", ou um funk, ou cumbia, enfim...


Pra você, quantos por centos de nato é criatividade e quanto é adquirido (seja pelo simples conhecimento do instrumento ou expansão mental por cultura)?

(isso dá uma tese de doutorado) alguma coisa a gente tem na genética, alguma inclinação pra fazer o que faz, mas não passa disso, uma inclinação. O resto é ralação, todo o resto se aprende, ainda mais hoje, que o artista não tem mais o aparato duma gravadora pra se ocupar só de fazer música. O instrumento é a porta de entrada pra música, daí vem um monte de outras coisas, como compor, arranjo, produção, fazer trilha, mil coisas que você toma conhecimento bem depois de começar a tocar. Eu mudo muito de opinião sobre esse assunto, pra responder essa pergunta, cada hora eu pensava numa coisa. Ao mesmo tempo em que acredito muito nessas coisas invisíveis que nos cercam, não gosto de pensar que algo vai acontecer sem você correr atrás, sem esforço.

Você já falou que tem feito trilhas. Eu queria saber se muda muito o processo criativo e de composição para seus projetos em bandas e trilha.

Muda, e varia com o processo. Por exemplo, o Kiko e eu fizemos uma trilha pra um documentário, só sax e violão, improvisando assitindo as imagens. Tem um outro doc, sobre a rivalidade entre as seleções brasileira e cubana de vôlei feminino na década de 90, do Fábio Meira, que ele usou as músicas do Sambanzo. Nesse caso, como as músicas já estavam prontas, eu só ajudei encaixar. Também fiz uns trampos com o Gui Amabis e com o Instituto, pra cinema e pra uma série da HBO. Há um tempo, antes de começar a correria dos shows, fiz uns experimentos filmando com o telefone e usando o MarginalS como trilha, me diverti bastante. É um campo que me interessa quando dá pra gente trabalhar assim, fazendo música, criando, gostaria de fazer mais. Jingle, com todo respeito a quem faz, mas não me interessa.

E como é o Thiago França produtor? Interfere criativamente também?!

Antigamente, você tinha as funções muito bem definidas porque a música era feita assim, havia um mercado e haviam empregos: um cara compõe, alguém canta, alguém toca; um cara escolhe os músicos, alguém escreve o arranjo, e o produtor era quem encomendava o "produto" ou transformava em algo. O produtor encarregava de chegar pra um compositor e pedir uma marchinha pro carnaval, pra fulano de tal gravar, enfim. Hoje, isso tudo mudou, não existe mais o emprego, não existe função definida. O que rola, como eu já disse, é que tanto a música quanto o mercado estão mudando, um interfere na mudança do outro, e hoje a gente faz um pouco de tudo, procuramos olhar o todo. Por exemplo: o Etiópia do Sambanzo é um disco sem arranjo escrito, todo tocado, solto. A "produção" do disco foi dizer pros caras ficarem à vontade, pra extrair ali a personalidade de cada um. No Bahia Fantástica, todo mundo assina como produtor, porque além de tocar cada música, todo mundo pensou no todo. Eu via que já tinha rolado uma música com solo de sax, na próxima eu fazia alguma coisa com a flauta, mais discreto. Cada som é de um jeito.


Um adendo a entrevista original, junto aqui as 3 perguntas que fiz pro Thiago na época que ele tocou com o Tony Allen, também em 2013. O papo sobre essas músicas aconteceu antes do lançamento do "Compacto SP", registro que reuniu ele, o metá metá e o Tony.

Para você, como foi tocar e compor com Tony Allen? Como foi criar com o cara? Como se deu tal contato?

Porra, man!!! "como foi"?! essa é a pergunta proibida!!! "ah, meu, tipo assim, foi mó emoção" (risos)

Conheci o Tony em 2012, depois de um show do Criolo em Paris. Ele veio no camarim e disse que tinha ficado impressionado, queria muito fazer alguma coisa junto. Fiquei na maior expectativa e, em março, depois dumas trocas de e-mail, recebi o convite pra produzir três faixas no seguinte esquema: ele mandava os tracks de batera abertos e aqui, eu faria o que quisesse.

Que foda. Então, são essas faixas? Vem dessa ideia ai?

(cronologicamente) a primeira foi "São Paulo No Shakin'", eu produzi com o Marcelo Cabral e o Daniel Bozzio, um tema instrumental meu. O nome faz menção ao disco "Lagos No Shaking" do Tony, preferido da rapaziada aqui. A segunda, chamei o Kiko Dinucci e a Juçara pra gravar essa cantiga, "Alakorô", que de vez em quando a gente tocava na versão trio do Metá, bem diferente do que ficou. Foi a primeira experiência de produzir algo do Metá que não fosse ao vivo, foi divertido, gostamos muito do resultado. A terceira eu fiz com o Tejo Damasceno e vai sair no disco do Instituto, fizemos só nós dois, eletrônica, bem pesada. As três faixas tiveram contribuição do Maurício Bade na percussão.

Essas músicas vão pra uma compilação chamada Afrobeat Makers, vol 2, do Comet, selo francês que lança as coisas do Tony. Todas as músicas da compilação são produzidas da mesma forma, com músicos do mundo inteiro dando seus pitacos sobre as bateras.

E sobre o Tony Allen, te influencia/influenciou? Qual tua relação com ele (antes de conhece-lo)?

O genial do Tony é que ele toca sempre uma força inesperada. Quando toquei com ele em Fortaleza esse ano, conversei bastante e ele me explicou um pouco como a cabeça dele funciona. Eu tinha a sensação (e confirmei com ele) que sempre que ele senta na batera, ele descarta a primeira ideia que vem na cabeça. Geralmente é algo óbvio, embasado em algo que você já fez. Talvez, a influencia seja mais uma inspiração, no meu caso.

Tags:  , , , , , , , ,          

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

CLANDESTINAS - CLANDESTINAS (2020)...




Urgente, cru, visceral e feminista, esses são adjetivos que define perfeitamente o disco de estreia da banda Clandestinas. Formada na cidade de jundiaí, em 2016, o trio conta com Camila Godoi (baixo e voz), Alline Lola (guitarra e voz) e Natália Benite (bateria e voz). Oriunda do seio da militância feminista, a banda sempre inicia as suas apresentações dizendo “Nós não somos artistas, somos militantes”, e é justamente a militância feminista, LGBTQ+ e antifascista que permeia as 13 faixas do debut álbum do grupo, lançado no dia 22 de maio deste ano. As referências sonoras são inúmeras, o punk rock aparece em Rotina, a primeira música de trabalho do disco, que ganhou um lyric video, assinado pela Rebeca Konopkinas, uma semana antes do lançamento... Continue Lendo
Tags:  , , , ,          

Tantão e os Fita - Dois Leões (2020)...




“A letalidade da criação. Atividade humana. Os limites da vida. A morte que nos rodeia. A imagem de uma nova normalidade. Hell de Janeiro em nossas cabeças. O normal já era um tédio, imagine o novo normal”, disseca Tantão, a voz do caos carioca pra branquitude “intelectual” brasileira saltar suas culpas. Tantão E Os Fita não erra nunca? Anote aí: não, não erra! A letra de “Dois Leões” é mais potente que o grito já forte de “black lives matter”, pra se ter uma ideia: “Leões viciados em carne humana, carne humana, carne humana / A sombra e a escuridão são coisas da noite, a sombra e a escuridão / Dois leões, dois dois dois dois, dois leões / A sombra e a escuridão, a sombra e a escuridão / A sombra e a escuridão são coisas da noite, são coisas da noite, são coisas da noite, a sombra e a escuridão, a sombra e a escuridão / Leões viciados em carne humana, leões viciados em carne humana, carne humana, carne humana, negra / Carne humana negra, carne humana, carne humana, carne humana. Negra. Negra. Negra”... Continue lendo no Flogase
Tags:  , , , , , ,          

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Jé Santiago & MC Igu - Hora do Rush Vol. 1 (2020)...




Já tendo gravado diversas faixas juntos ao longo dos anos, Jé Santiago e MC Igu estreitaram ainda mais sua história de parceria com um novo projeto especial. Como vinham prometendo, hoje os artistas da Recayd Mob lançaram novo EP colaborativo intitulado “Hora do Rush Vol. 1”, o qual título é inspirado em famosa saga de filmes estrelada por Jackie Chan e Chris Tucker... Via Rap 24 Hrs
Tags:  , , ,          

Mad Chicken - Homemade Demo Tape Vol. II (2020)...




“Quando resolvemos montar a banda estávamos em um lanche famoso de Arcos, começamos a misturar nomes de comida com bandas que curtíamos, até que alguém lembrou de mini chicken e Mad Season, então saiu Mad Chicken”! Mad Chicken é uma banda que já nasceu fazendo som autoral em 2013, e desde 2016 lançam materiais e fazem shows todos os anos. Já se apresentaram em Arcos, Iguatama, Lagoa da Prata, Itaúna e Belo Horizonte.Tendo lançado um álbum, dois EPs e um single, o som de MadChicken varia entre algumas vertentes do rock'n'roll como stoner rock, sludge metal, grunge e punk... Leia Mais
Tags:  , , , ,          

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Império da Lã - Tôco Remexido (2020)...




“O Império da Lã é uma banda sem repertório nem formação fixa!”, avisa o release no Facebook. “É uma junção de artistas para farrear e trabalhar, que se recusa a adotar a reforma ortográfica da língua portuguesa por pura simpatia com a trema!”, completa o texto, que não conta que a banda, formada em 2007 e desde 2014 coexistindo como bloco de carnaval nas ruas de Porto Alegre, tem, sim, um imperador: Carlinhos Carneiro.Seguindo o texto da rede de Mark Zuckenberg, “A premissa básica é: O Império da Lã é uma banda sem repertório nem formação fixa!” – mas eles já lançaram três discos, e o terceiro, “Toco Maravilhoso”, saiu em 2019. “Essa proposta livre acabou se transformando nos palcos e na nossa cabeça num lance bem mais aberto. É uma ‘banda – instalação – readymade anti-totalitarista, pró-álcool – festa – e- libertinagem’ portanto uma obra de arte por si só”, completa o texto.Em (uma) entrevista (imperdível) ao Scream & Yell, Carlinhos contou que o Império da Lã “é uma cooperativa divertida, a gente está combinando de ir pra praia e inventar pela primeira vez tudo junto, de uma vez, já pra ser diferente”. E falando em ser diferente, a banda convidou nove artistas para reinventarem as faixas do “Tôco Maravilhoso”, “e o transformaram em algo novo, e ainda mais doido e divertido”, eles avisam... Leia o faixa a faixa no Scream Yell
Tags:  , , , ,          

Porão GB - Somos (2020)...



Download: Somos (2020).rar

Desde 2004 a banda pernambucana Porão GB não disponibilizava músicas inéditas, ocasião em que lançaram os singles “O Nome da Rosa” e “Novamente”, já sinalizando um notável amadurecimento e parecendo virar de vez a página do hardcore melódico do bem sucedido album “Emoções Inexperientes” (2002), período em que o ‘emocore’ explodia no mainstream brasileiro. A parada se deu, apesar do momento favorável na época, à saídas e mudanças de alguns integrantes que queriam partir pra outros projetos musicais ou de vida. O novo material conta com 3 faixas, todas com letras que tratam fundamentalmente de relações pessoais: ora de forma narrativa, ora poética. “Desencontros em Encontros”, primeira faixa do EP e única delas escrita desde a antiga formação, canta em seus refrões: “Não foram só os meus versos que modificaram com tudo isso.” parecendo descrever com clareza o começo do fim da convergência de interesses entre os indivíduos... Leia Mais no Zona Punk
Tags:  , , , ,          

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Tiganá Santana - Milagres (2020)...




O músico e compositor baiano Tiganá Santana se uniu ao percussionaista Sebastian Notini e ao contrabaixista Idson Galter para homenagear Bituca cantando faixas do álbum proibido "Milagre dos Peixes". O resultado ficou lindo, saca ai...
Tags:  , , , , , ,