terça-feira, 22 de outubro de 2019

Una - Esquartejada (2019)...




A voz – assim como o que ela pode cantar – não é uma exclusividade da garganta. Física e metafisicamente falando, ela pode vir dos lugares mais insólitos. Ela pode brotar dos pés, ou da barriga, nascer no pulmão e chegar ao mundo através da pele. Foi sob o impacto da estranheza dessa descoberta que a artista recifense Aninha Martins começou a compreender que o ato de cantar pode reverberar não apenas da sua voz, mas do seu corpo como um todo. Foi uma revolução para a jovem cantora que, em meio ao processo de descoberta do seu fazer artístico em linguagens outras, como o teatro, ousou trazer esse corpo para a música, mesmo que aos pedaços. É assim que chega aos ouvidos gerais Esquartejada, o álbum de estreia de Una, a persona que Aninha assumiu para representar o seu lado musical. Esquartejada foi o nome que, inicialmente, batizou o show de estreia solo da cantora, em 2013. Promessa antiga e envolta em expectativas, Esquartejada – o disco – chega como resultado de um processo criativo repleto de inquietações artísticas e emocionais de Una. “O esquartejamento do meu corpo é só um deslocar. Como se várias micropotências que eu falo em cada música criassem um corpo”. Esse corpo – que já carrega em si, como ela faz questão de pontuar, os estigmas e as opressões intrínsecas ao fato de ser uma mulher negra, pobre e nordestina –, em sua amplitude de significados, é o condutor cênico do que as canções no disco se propõem a dizer... VIA
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