sábado, 8 de novembro de 2014

Topsyturvy - Noises Parte 2 (2014)



Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, teve uma das mais prolíficas e instáveis cenas no underground da segunda metade dos anos 2000. Bandas implodiam com a mesma força e espontaneidade com que surgiam - e mais tarde lá estavam os integrantes montando outras duas ou três bandas novas tão boas quanto ou melhores que a anterior, e voltavam a implodir. Esse movimento de finitude e renascimento, desconstrução e construção, pode ser ouvido em cada compasso torto do Topsyturvy, um trio que incorpora todos os espíritos inquietos que vagam por sua cidade natal numa mistura que eles mesmos chamam de "rock abrasileirado e frenético". Desde 2008, a banda formada por Alexandre Lima (guitarra e vocal), Gustavo "Gummer" Rodrigues (bateria) e Athos Araújo (baixo) é um caso raro de músicos que descarregam milhares de notas por minuto e, mesmo assim, negam a virtuose pela virtuose. A cada show, enquanto os riffs e as quebras de ritmo se sucedem capturando os ouvidos incautos, surge uma ponte sonora que liga o Alice In Chains ao Frank Zappa circa "Zoot Allures", construída com vigas de Queens Of The Stone Age, blocos de System Of A Down e pavimento fusion, dando vazão à paranóia urbana que infesta a persona por trás dos vocais. E olha que a fome de palco é o destaque do trio: até 2014, o Topsyturvy fez quase 200 apresentações em dezenas de cidades dentro e fora do Estado de São Paulo. Mas a música livre e desgovernadamente sempre é mais importante do que qualquer referência - até mesmo do que o próprio conceito de "obra", uma sutileza que se reflete nos nomes das músicas, que parecem ser batizadas com as primeiras palavras que vêm à cabeça dos integrantes: "Feliz", "Tambor", "Cretina", "Sanfona" e "DeNada", só para citar alguns exemplos.
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