quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

César Lacerda e Romulo Fróes - O Meu Nome é Qualquer Um (2016)




"O homem contemporâneo chora o esvaziamento do masculino. Poderia celebrar, por outro lado, a chegada inexorável da dúvida. Essa dúvida poderá vir a ser a afirmação deste novo homem. Mas ainda é cedo. Por enquanto, ele vaga, espera, observa, dá um passo tímido e volta dois atrás. Qual será seu novo plano? Se a mulher avança com o feminino pra uma totalidade, ampliando, inclusive, a abrangência de gêneros dentro do feminino, o homem se fragmenta e se desconecta do ideal masculino. E nesse processo de fragmentação, mesmo que hesitante, ele imagina: “chamo pelo nome / imagino um homem / ou caminho devagar?”, e se pergunta: “como vai o homem junto de outro homem / como devo lhe chamar?”. Os versos citados são da canção “O Homem Que Sumiu”, espécie de epitáfio do homem enquanto ser exclusivamente masculino. Não dá pra dizer que não dói ver morrer assim o masculino. Basta lembrar nossos pais, avós, nossa herança familiar, cultural. Basta lembrar o verso de Luiz Melodia cruzando a linha do masculino no sentido oposto: “machismo elegância paterna”. Mas esse homem sumindo, depois desse processo de fragmentação, talvez possa retornar inteiro, exercendo todas as facetas de um ser humano complexo. Esse é o vislumbre de O Meu Nome é Qualquer Um", Rodrigo Campos.

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