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Hit seria aquele faixa de disco ou single que se destaca e tem sucesso. Aquela música ou melodia que gruda na sua cabeça e demora pra sair, que acaba marcando o seu ano e fazendo você lembrar o que passou nele toda vez que escutar esta canção. O artista pode fazer de uma faixa hit, mas não necessariamente ter um bom disco. Falamos isso porque existem discos que não entrariam entre os melhores do ano, mas aquela faixa é realmente genial.
Pedimos para diversos amigos nos mandarem suas opiniões das melhores músicas que ouviram no Brasil em 2013, e eis aqui nossa mixtape colaborativa de hits nacionais deste ano. Feita através da votação de parceiros da internet e alguns daqueles que nos acompanham diariamente e curtem fazer suas listas de final de ano. Chegamos a um resultado abrangente, com mais de 160 bandas ou artistas citadas e mais de 200 músicas.
Desde que começamos esta brincadeira (este é o terceiro ano), esta é a coletânea mais pop e com menos distância entre as bandas citadas e que entraram na compilação. Seria pelo fato do ano ter sido mais parelho, ou realmente o Brasil é muito grande e as escolhas se diversificam? É o tipo de questionamento que pediria um estudo sobre o assunto, mas que não tira o mérito deste resumo. Segue então algumas palavras sobre os sons selecionados na ordem decrescente de votação:
01. Apanhador Só - “Despirocar”: sabe a rotina? Ônibus cheio, correria, atender telefone, digitar, emprego, sentir fome 12h, seu chefe e tudo isso? A canção fala sobre isso, sobre o chegar em casa, a rotina. É notável que no álbum que tem essa canção, Antes que Tu Conte Outra, o grupo melhorou e muito e a faixa representa bastante essa nova fase do Apanhador Só.
02. Emicida – “Crisântemo”: Essa foi provavelmente a música mais triste de 2013. Nela, Emicida conta sobre a perda de seu pai, seu Miguel, que após tentar apartar uma briga no bar, caiu e bateu a cabeça. A faixa ganhou um clipe lindo e que vale o clique. Por favor, faça isso aqui.
03. Passo Torto – “Homem Só”: Quando ouço esta canção, imagino o paulistano típico. Sozinho, ele, o mundo, as ruas congestionadas, aquele fluxo de gente ridículo dos centros comerciais da cidade e ele rondando, voltando do trabalho, sem perspectiva, numa cidade nada humanizada; no caos cinza dos carros, das pessoas solitárias mesmo rodeadas de gente.
04. Wado - “Rosa”: Uma dos foras mais românticas do ano, um poema de amor e uma ode ao fim. Com seu coração exposto em versos, Wado passa toda sua sensibilidade. Esta canção também é um bom exemplo da influência de Marcelo Camelo nas letras e no instrumental do novo disco do cantor, com um que de minimalismo e muito de MPB.
05. Don L - “Morra Bem, Viva Rápido”: a música que abre a mixtape, Caro Vapor / Vida e Veneno de Don L, pode ser entendido como um lance meio carpe diem, mas desencana, é mais legal que isso. Aqui rola um pouco daquela mensagem auto-destrutiva do Tyler Durden no Clube da Luta, com fitas reais da vida do Don, “E é, eu quero algo que venda tipo gasolina / E não me tenha treta tipo cocaína”.
06. Vanguart - “Estive”: Uma música que remete a uma banda de Cuiabá, que anos atrás apareceu para o Brasil com um alt. Rock, caindo pro Folk e cantando em inglês. Depois disso, se perdeu um pouco, mas para quem conhecia o Vanguart de outros tempos, a banda parece ter se reencontrado nesta bela canção, na qual temos um vocal choroso, em uma procura desesperadora, porém, bem bacana. Se você não conhecia este lado da banda, por favor, procure os sons mais antigos deles.
07. Marcelo Jeneci - “De Graça”: Jeneci tem a arte de incorporar influências diversas e conseguir expor todas elas em um mesmo trabalho ou canção. “De Graça”, música que dá nome ao segundo disco do cantor, tem uma áurea “Caetanesca” nos anos setenta e um vocal “Antunesco”, dos tempos animados de Titãs. Adicione ai, uma batida típica da atual música paraense e sim, você pode conseguir virar um hit. No final, concordamos que o bom da vida é de graça!
08. Bárbara Eugênia - “Roupa Suja”: relacionamentos que não dão certo sempre são temas de canções. A Bárbara Eugênia faz isso de um modo bem bonito, “Agora que você diz / Que não tem jeito sem dor / Demora, e não quer se enroscar / Agora chega pra mim / Dizendo "cantar cura o mal" / História, é conversa pra boi dormir / Eterniza a solidão, pior, faz bem não”.
09. Ex-Exus - “Estejam Sempre Aqui”: Esta é uma música manifesto em ritmo de um rock funkeado, convida a todos a os acompanhar, já avisando o que eles realmente são, bêbados errantes e ansiosos, deixando o ouvinte a par do que o espera, por sua conta e risco. E talvez nesse mundo careta e de incertezas, pensar por fora, diferente, ser um outsider, nos leve ao caminho da salvação, como eles próprios, nada modestos, se denominam, como gurus espirituais do caos, anti-heróis, inimigos declarados dos manuais de autoajuda.
10. Graxa - “Um Bando de Crocodilos”: Nós gostamos do Graxa por essas e outras. A canção, que tem um instrumental bem garageiro e lo-fi, fala sobre lugares descolados, gente “sem molho”, os crocodilos mesmo. Não entendeu? Ele mesmo explicou pra gente em um faixa a faixa que fizemos no Alt: “A locação da música na verdade é numa casa descolada, não num bar. Eu não me sinto à vontade em ambientes assim”.
11. Bixiga 70 - “Ocupai”: A big-band paulistana mostrando novas faces sonoras em seu segundo disco nesta canção, vemos um pouco destas influências. Um pouco de eletrônico, misturado a uma batida dançante, porém longe do Afrobeat, algo bem mais brasileiro. Instrumentos de sopros inspirados e bem entrosados entre si e temos uma música vibrante, dançante e que fala muito, mesmo não tendo uma palavrinha sequer.
12. Herod (Layne) – “Blinder”: Essa vai pra quem acha que no Brasil não existe shoegaze e também reafirma a nova fase da Herod, como uma das melhores bandas experimentais do Brasil. “Blinder” é uma das melhores faixas de Umbra e conta com a participação de Filipe Albuquerque (Duelectrum) nos vocais. Uma canção que mistura certa delicadeza instrumental com uma letra forte cantada baixinho. O esporro do final é impecável.
13. Lupe de Lupe - “Homem”: Se o Emicida compôs uma das canções mais tristes do ano, o Vitor Brauer conseguiu fazer uma das sinceras. Aqui, num molde meio Morrissey, o mineiro criou uma verdadeira carta para um amigo antigo e bem próximo. “Houve um tempo em que nós dois erámos feito unha e carne / Houve um tempo em que nós dois éramos inseparáveis / E por isso imbatíveis”. Ao longo da canção, Vitor continua abrindo seu coração para encerrar num momento tenso e extremamente sincero. “25 anos sem beijar um homem / 25 anos pra chegar e te dizer / Que se eu tivesse beijado um homem, esse homem seria você /Esse homem seria você”.
A arte mais uma vez foi colaborativa, porém, desta vez, partindo de rabiscos feitos por alguns dos artistas que participaram do blog neste ano, realizando capas para nossas coletas mensais. Quem deu inicio a arte da capa foi Cairo Melo (Novembro) e na contracapa foi Felipe Vaz (Janeiro). Depois disso, aconteceram intervenções de Rafael Brasil (Fevereiro), João Cassiano (Setembro), Ianah Maia (Junho) e Thiago Couceiro (Outubro). Finalizando a arte, mais uma vez o parceiro George Frizzo fez a diagramação em grande estilo. Agradecemos a todos os artistas que realizaram nossas coletas ao longo do ano e mais esta última correria, precisando, estamos ai! Foram belos trabalhos, torcemos para que vocês continuem fazendo arte e que tenhamos ajudado de alguma maneira em suas vidas.
Esse material não deve ser comercializado, apenas disponibilizado para download. Trata-se de mais uma mixtape, desta vez feita da maneira mais democrática possível, com a opinião de quem teve tempo e fez contato com a gente ao longo de nossa existência e deste ano de protestos, tanto para trocar ideia, enviar seu som, realizar intervenção visual, reclamar de nossas postagens ou simplesmente acompanha esta nossa brincadeira insana e saudável. São 13 artistas de diversos locais do país, trabalhos de estilos diferentes, cada qual com sua qualidade e mostrando a diversidade da música feita no Brasil, esperamos que você divirta-se quando ouvir os sons da coleta como nós que a fizemos e até o ano que vem!
Continuem disseminando o som, escutando música e indo aos shows!
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