domingo, 28 de dezembro de 2014

Racionais MC's - Cores & Valores (2014)...





15 músicas, 35 minutos. Você pode chegar e falar que o grupo não é o mesmo do Raio X do Brasil, que escuta os caras desde 87, mesmo tendo nascido em 94. Faz parte querer ser old school. O Sabotage é muito melhor hoje, depois de 15 anos do Rap é Compromisso. Mas quem é sabe o que o cara ouviu. “Vendido”, “apareceu em filme”, “Racionais é rap da rua”. Hoje, não mais. Não mais? O que eu quero dizer sobre o álbum é que se tem uma coisa que os quatro pretos mais perigosos do Brasil têm é percepção do país e principalmente da cidade de São Paulo. Você quer que os caras cantem a revolução, a realidade da favela, e bom, está ali. É bem provável que o seu único contato com a periferia seja do rap. Nunca pulou córrego, nunca soltou pipa com os caras, nunca sentiu de verdade, nunca esteve no meio. A periferia pra você é o estereótipo. O governo Lula não existiu. “Moleque mete o cano pra andar de moto”, me disse alguém confiável. Hoje, o Facção Central talvez não faça tanto sentido. “O que me faz roubar não é a pena branda, é ver a lata de arroz sem um grama”. Já foi. Quem desce a milhão de moto na porta da minha casa e leva minhas coisas, tá de pano de marca, tá de Mizuno. O moleque quer trocar a CG e pegar uma Twister, uma Falcon, vestir uma roupa melhor. O rolê não espera. E se eu sou a rua? Longe disso. Só que ao contrário de quem anda de taxi, eu tô nela. Andando, dentro do ônibus, observando o Term. Jardim Angela e as senhoras com Galaxy na mão. Meus amigos tendo acesso à informática, faculdade e um emprego que não seja braçal. Cores e Valores é quase um álbum iluminati, cheio de coisa de fundo que muita gente vai demorar para sacar. E se você está aí reclamando, lembre-se sempre que existem três tipos de gente: os que imaginam o que acontece, os que não sabem o que acontece e os que fazem acontecer. O Racionais com certeza é o último, e você?... VIA
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